Crise e Mudança

            Sempre há algo que, depois de um tempo, começa a incomodar, provocando uma crise, ou seja, um momento de questionamento. A seguir vem a tomada de decisão, ou melhor, a obrigatória atitude de fazer algo que mude o quadro. Em consequência, mudamos o nosso em torno, a nós mesmos, ou ambos. Sempre a crise precede a mudança, portanto, é positiva, no sentido de romper estruturas arcaicas, já carcomidas, e de fazer nascer o novo, independentemente de como seja.
É bom mudar, nem que seja para quebrar a monotonia da mesmice. Mas as grandes crises provocam rompimentos, atritos, desgaste, stress, loucura, depressão, ataques de fúria, enfim, possuem um alto custo, de modo que nem sempre estamos dispostos a pagar o preço. Nesta lista estão nascimento e morte, casamento e separação, divórcio, novo emprego, demissão, desemprego, sucesso ou fracasso, coisas boas ou ruins que nos enlouquecem e nos fazem surtar. Mas assim é a vida, feita de altos e baixos, linhas retas, quebradas ou curvas, coisas inacabadas e findas, incompletas ou completamente inteiras, Ãntegras ou transgressoras. Nós somos assim, medrosos do novo, apegados ao velho, por comodismo, segurança, hábito ou vÃcio. Daà que cabe à s crises quebrar as cascas, pôr para fora o que estava oculto e o que interessa, trazer à tona o profundo.
Há modos e modos de fazer e sofrer, pois podemos ser zen, como um relógio que não é afetado pelo que acontece. Ou podemos fazer drama, berrar, gritar, o que geralmente é improdutivo e traz inúmeros dissabores. Mas, o melhor é saber subir ou baixar o tom na hora certa, de modo a construir uma transição tranquila, civilizada, cheia de passos diplomáticos. Os ritos são importantes, são um modo de lidarmos com as emoções do enredo das circunstâncias.
Por fim, dar a volta por cima é fundamental, de modo a nunca ficar por baixo, independentemente do que aconteça. Viva a mudança! E que Deus nos dê sabedoria para lidarmos com as crises, de modo a extrair delas o sumo, fazendo dos limões limonadas. Pois quem não transforma e não é transformado, não vale a pena, não encontrará o sentido de si mesmo.